quinta-feira, 21 de agosto de 2014

O sonho de Catarina Paraguaçu


Um dos primeiros templos cristãos de Salvador foi a capela, construída em taipa e cobertura de palha, por Diogo Álvares Corrêa, o Caramuru, e sua mulher, a princesa tupinambá Catarina Paraguaçu, por volta de 1535: a Igreja da Graça.

Paraguaçu era filha de um cacique tupinambá. Em 1527, Caramuru e Paraguaçu foram para Saint-Malo, na França, onde Paraguaçu foi batizada em 30 de julho de 1528, na Cathédrale Saint-Vincent-de-Saragosse de Saint-Malo, com o nome cristão de Katherine du Brézil. Ela casou-se depois com Caramuru.

O padre jesuíta Simão de Vasconcellos conta em sua Chronica da Companhia de Jesu do Estado do Brasil, publicado em 1663, a visão de Paraguaçu, que teria resultado na construção da Igreja da Graça. Segundo ele, Paraguaçu teve uma visão em que uma mulher teria vindo em uma nau castelhana, que naufragara, e estava entre os índios. Nessa visão, a mulher lhe pedia que a trouxesse para junto de si e lhe fizesse uma casa. Paraguaçu pediu a Caramuru que buscasse essa mulher. Foi encontrada entre os índios uma imagem de Nossa Senhora, a qual Paraguaçu identificou como sendo a mulher da sua visão. Simão de Vasconcellos relata que a imagem foi honrada com o título de Nossa Senhora da Graça, enriquecida de muitas relíquias e indulgências, que então mandou o Sumo Pontífice.

A referida nau castelhana foi provavelmente a Madre de Dios, que naufragou em maio de 1535, próximo à Ilha de Boipeba.

Paraguaçu teve dez filhos, faleceu, em 26 de janeiro de 1589, e foi sepultada na sua Igreja, doada por ela aos beneditinos do Mosteiro de São Bento, em 1586. Até hoje, a Igreja da Graça permanece subordinada ao Mosteiro, que guarda o testamento original de Paraguaçu.

Caramuru e Paraguaçu formaram a primeira família brasileira documentada, a mais antiga raiz genealógica no Brasil. Deles descenderam muitos nobres, incluindo os da Casa da Torre de Garcia d'Ávila (Fonte: Guia Geográfico).



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